segunda-feira, 5 de março de 2007

PERSONALIDADE DA SEMANA: O Padre António Vieira, um Luso-brasileiro Defensor dos Indígenas.



António Vieira ou Antônio Vieira (Lisboa, 6 de fevereiro de 1608Bahia, 17 de junho de 1697) foi um religioso português da Companhia de Jesus. Dos mais influentes personagens do século em termos de política, destacou-se como missionário em terras brasileiras. Nesta qualidade, defendeu infatigavelmente os direitos humanos dos povos indígenas combatendo a sua exploração e escravização. Era por eles chamado de "Paiaçu" (Grande Padre/Pai, em tupi-guarani).
António Vieira defendeu também os judeus, a abolição da distinção entre cristãos-novos (judeus convertidos, perseguidos à época pela Inquisição) e cristãos-velhos (os católicos tradicionais), e a abolição da escravatura. Criticou ainda severamente os sacerdotes da sua época e a própria Inquisição.

Nascido em lar humilde, na Rua do Cónego, perto da Sé, em Lisboa, o seu pai serviu a Marinha Portuguesa e foi, por dois anos, escrivão da Inquisição, tendo mudado-se para o Brasil em 1609, para assumir cargo de escrivão em Salvador, na capitania da Bahia. Em 1614 mandou vir a família para o Brasil. António Vieira tinha seis anos.
Estudou na única escola da Bahia: o Colégio dos Jesuítas em Salvador. Consta que não era um bom aluno no começo, mas depois tornou-se brilhante. Juntou-se à Companhia de Jesus com voto de noviço em maio de 1623. Obteve o mestrado em Artes e foi professor de Humanidades, ordenando-se sacerdote em 1634.
Em 1624, quando da Invasão Holandesa de Salvador, refugiou-se no interior, onde se iniciou a sua vocação missionária. Um ano depois tomou os votos de castidade, pobreza e obediência, abandonando o noviciado. Não partiu para a vida missionária. Estudou muito além da Teologia: Lógica, Física, Metafísica, Matemática e Economia.

O povo de Portugal não gostava de suas pregações em favor dos judeus. Após tempos conturbados acabou voltando ao Brasil. De 1652 a 1661, foi missionário no Maranhão e no Pará, sempre defendendo a liberdade dos índios. Permaneceu no Brasil alguns anos, tendo voltado para a Europa com a morte de D. João IV, tornando-se confessor da Regente, D. Luísa de Gusmão.

Já muito velho e doente, teve que espalhar circulares sobre a sua saúde para poder manter em dia a sua vasta correspondência. Em 1694 já não conseguia escrever de próprio punho. Em 10 de junho começou a agonia quando perdeu a voz e silenciaram-se os seus discursos. Em 17 de junho de 1697 faleceu na Bahia, em 18 de Julho de 1697, com 89 anos.
Deixou obra complexa que exprime suas opiniões políticas, sendo não propriamente um escritor e sim um orador. Além dos Sermões redigiu o Clavis Prophetarum, livro de profecias que nunca concluiu. Entre os sermões, dois são os mais célebres: o Sermão da Quinta Dominga da Quaresma e o Sermão da Sexagésima.
Vieira também tem uma classificação complexa quanto à nacionalidade: passou mais da metade de sua vida no Brasil, e o próprio povo, quando ele caía em desgraça, chamava-o de "Judas do Brasil"; mas foi importante figura na política interna e externa de Portugal, para não falar na cultura.
Tirado do Wikepaedia
Rainer Sousa

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