terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

Curiosidades sobre a Língua Portuguesa: O Idioma Português no Sri Lanka (Segunda Parte)



O domínio português no Sri Lanka não foi duradoiro, na época (século XVII) existiam outras potências que almejavam o controle dos mares e das terras conquistadas. Portugal encontrava-se na altura sob o domínio da Espanha. Esta por sua vez tinha inimigos poderosos como a Inglaterra e a Holanda. De facto, os holandeses chegaram ao Ceilão em 1602 e compreederam que ao fazer-se aliados das tribos inimigas dos portugueses poderiam ajudar a enfraquecer os poder dos Lusitanos na ilha. O território cingalês estava basicamente dividido em dois territórios ou melhor em dois reinos: o reino de Kotte (aliado a Portugal) e o reino de Kandy (aliado da Holanda). Com outro concorrente europeu "na corrida" o domínio luso na ilha começou a sofrer sérios ataques por parte da resistência cingalesa (aliada dos holandeses). As guarnições portuguesas mal dotadas e abandonadas por Lisboa(devido à política espanhola) começaram a sucumbir às emboscadas feitas pelos nativos. No dia 21 de Agosto de 1630 os portugueses foram derrotados pelos rebeldes e a supremacia portuguesa entrava definitivamente num período de declínio político-militar.
Por outro lado a colonização holandesa foi diferente, os holandeses cedo compreederam que a marca deixada pelos portugueses tinha ganho raízes na terra cingalesa. Ao tomar o domínio da ilha os holandeses começaram a reprimir os "casados" (homens portugueses) e "mestiços" de sangue português e cingalês. Os holandeses chamavam-nos de "Burghers". Estes refugiaram-se nas montanhas onde praticavam o culto católico e falavam português numa versão que com o tempo foi dando origem a uma língua crioula (patois).
O governador holandês Van Goens tratou de extinguir o uso da língua portuguesa mas logo depois os mesmos holandeses se deram conta que era impossível e mesmos eles começaram a usar o idioma luso como língua de entendimento entre os europeus e os nativos da ilha.
Em 1704 o governador holandês Cornelius Jan Simonsz escrevia:
"Se a gente falasse português no Ceilão, a gente poderia ser compreendido em qualquer lugar."
Até as missões protestantes do Ceilão usavam na sua liturgia o português porque era a única forma de pregar a dotrina calvinista aos nativos.
Mas a presença linguística lusitana foi reforçada pela vinda de um outro grupo étnico proveniente da África, o qual ficou conhecido como "cafrinhas".
Na próxima parte falaremos sobre este grupo e sobre o estado actual do Português crioulo no Sri Lanka.

Rainer Sousa

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